Nesta segunda-feira (26), o presidente-executivo da Meta, Mark Zuckerberg, fez uma acusação direta contra o governo de Joe Biden, afirmando que o Governo americano pressionou a empresa para censurar conteúdos relacionados à Covid-19.
Em uma carta dirigida ao presidente do Comitê Judiciário da Câmara, Jim Jordan, Zuckerberg revelou que representantes de alto escalão do governo norte-americano exerceram pressão contínua sobre a equipe da Meta para suprimir determinadas informações sobre a pandemia. A censura abrangia até mesmo o humor e a sátira, áreas tradicionalmente vistas como espaços de liberdade criativa.
Zuckerberg confessa que cedeu à censura
“Acredito que a pressão do governo foi errada e lamento que não tenhamos sido mais francos sobre isso”, escreveu Zuckerberg na carta, publicada pelo comitê no X (antigo Twitter). Ele enfatizou que a Meta deve se manter firme em seus padrões de conteúdo, independentemente de pressões políticas: “Estamos prontos para reagir se algo assim acontecer novamente.”
Incentivos às vacinas e controle narrativo
No auge da pandemia, o Facebook havia assumido um papel ativo em promover a vacinação em massa, canalizando milhões de usuários para campanhas pró-vacina. No entanto, Zuckerberg agora admite que algumas escolhas feitas sob pressão governamental não se sustentariam com o conhecimento atual. “Com o benefício da retrospectiva e de novas informações, não faríamos hoje algumas dessas escolhas”, ponderou.
A crítica de Zuckerberg não se limita à Covid-19. Ele admitiu que a Meta “rebaixou” temporariamente a visibilidade de uma reportagem do New York Post sobre o laptop de Hunter Biden, filho do presidente, antes das eleições de 2020, em resposta a alertas do FBI sobre uma potencial campanha de desinformação russa. Ironicamente, o alerta revelou-se infundado, mas levantou ainda mais suspeitas sobre a relação entre governo e plataformas digitais.
O jogo sujo da censura e a guerra pela liberdade de expressão
Essa troca de acusações ocorre em meio à investigação liderada por Jordan, membro influente do Partido Republicano, que alega a existência de um conluio entre o governo Biden, agências de checagem de fatos e grandes plataformas digitais para suprimir vozes conservadoras online. Em um cenário polarizado, a questão da censura digital vem ganhando cada vez mais atenção, com impactos diretos na confiança pública e na democracia.
O Futuro da Meta e a neutralidade política
Zuckerberg, historicamente associado ao Partido Democrata, surpreendeu ao anunciar que não apoiará nenhum candidato nas próximas eleições presidenciais de novembro. O executivo também deixou claro que não fará doações ou contribuições financeiras para campanhas eleitorais, marcando uma mudança significativa em sua postura.
No centro dessas revelações está a dúvida sobre até que ponto plataformas como o Facebook devem se submeter a pressões governamentais. Para Zuckerberg, a resposta parece clara: “Não devemos comprometer nossos padrões de conteúdo devido à pressão de qualquer administração em qualquer direção.”
Esse confronto é mais do que um embate político; trata-se de definir os limites da liberdade de expressão em tempos de crise. Ao expor essas pressões, Zuckerberg coloca a Meta em uma posição delicada, mas ao mesmo tempo envia uma mensagem importante: a integridade das plataformas digitais não pode ser negociada, mesmo diante de governos poderosos.
A questão que fica no ar é se essa postura será mantida à medida que novas tensões surgirem.