Damasco, Síria – 16 de dezembro de 2024 – Uma reportagem da CNN que viralizou na última semana, mostrando o resgate dramático de um suposto prisioneiro em uma instalação secreta síria, acabou se transformando em um constrangimento internacional após descobrir-se que o homem “libertado” era, na verdade, um notório torturador do regime Assad.
O Resgate que Virou Polêmica
O incidente ocorreu quando a correspondente-chefe internacional da CNN, Clarissa Ward, acompanhada de um rebelde sírio armado, encontrou um homem sozinho em uma cela na sede da Inteligência da Força Aérea Síria.
O prisioneiro, que se identificou como “Adel Gharbal”, alegou ter passado três meses em confinamento solitário sem ver a luz do sol. As imagens do momento, que Ward descreveu como “um dos momentos mais extraordinários” em seus 20 anos de carreira jornalística, mostravam o homem visivelmente atordoado sendo conduzido para fora da prisão.
A Verdadeira Identidade
Uma investigação conduzida pelo grupo independente de fact-checking Verify-Sy revelou que o “prisioneiro” era, na realidade, Salama Mohammad Salama, primeiro-tenente da Inteligência da Força Aérea Síria, conhecido como “Abu Hamza”.
Moradores do bairro Al-Bayyada identificaram Salama como um oficial que comandava diversos postos de controle em Homs, envolvido em extorsão, roubo e coação de residentes para se tornarem informantes. Sua prisão recente, que durou menos de um mês, teria sido resultado de uma disputa sobre divisão de lucros obtidos por extorsão com um oficial superior.
Repercussão e Resposta da CNN
Após a revelação, a CNN admitiu estar investigando o histórico do homem e reconheceu que ele pode ter fornecido uma identidade falsa. A emissora defendeu sua reportagem, afirmando que “ninguém além da equipe da CNN estava ciente dos planos de visitar o prédio da prisão” e que “os eventos se desenrolaram conforme aparecem no filme”.
O caso ganhou ainda mais relevância por ocorrer em um momento histórico para a Síria, poucos dias após a queda do regime Assad, quando milhares de sírios buscam desesperadamente por familiares desaparecidos nas prisões do governo.