Lula enfrenta uma situação delicada ao receber um número crescente de brasileiros deportados dos Estados Unidos, muitos dos quais foram condenados por crimes em solo americano.
Esse cenário, que se intensificou durante a administração do ex-presidente Joe Biden e agora ganha novos contornos com o retorno de Donald Trump à Casa Branca, levanta questões sobre segurança pública, direitos humanos e relações diplomáticas entre os dois países.
Aumento significativo nas deportações
O governo Biden foi o que mais deportou brasileiros desde 2013, superando as administrações de Trump e Obama. Entre 2021 e 2024, 7.168 brasileiros foram deportados, representando 1,31% do total de deportações nos EUA. Em comparação, durante o governo Trump, o percentual de deportações de brasileiros foi de 0,7%, e no governo Obama, 0,4%.
Apenas em 2024, 1.648 brasileiros foram deportados em 16 voos fretados, um aumento de 33% em relação a 2023. Esses números não incluem brasileiros inadmitidos em aeroportos americanos, que retornam em voos comerciais.
Perfil dos deportados
De acordo com dados do Serviço de Imigração e Controle de Alfândega (ICE) dos Estados Unidos, mais de 30% das pessoas expulsas tinham antecedentes criminais. Entre os 271.484 estrangeiros deportados para 192 países no ano fiscal de 2024, 88.763 tinham acusações ou condenações por atividades criminosas.
Os tipos de crimes cometidos pelos deportados incluem tráfico de drogas, roubo, exploração sexual de crianças, estupro, agressão sexual, violência doméstica, delitos relacionados a armas e resistência à prisão.
Tensões diplomáticas
O recente incidente envolvendo brasileiros deportados que chegaram algemados ao Brasil gerou tensões diplomáticas. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, classificou o uso de algemas como um “flagrante desrespeito aos direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros”. Essa situação destaca a necessidade de um diálogo mais estreito entre os dois países sobre os procedimentos de deportação.
Perspectivas futuras e desafios
Com a promessa de Trump de realizar “a maior operação de deportação em massa da história”, o Brasil deve se preparar para receber um número ainda maior de deportados nos próximos anos.
Isso exigirá uma estratégia abrangente que inclua programas de reintegração para ex-detentos deportados, cooperação internacional para compartilhamento de informações sobre antecedentes criminais e políticas de prevenção ao crime e apoio social para evitar reincidências.
O governo brasileiro enfrenta o desafio de equilibrar a segurança nacional com a proteção dos direitos humanos, enquanto lida com as complexidades de receber um número crescente de cidadãos com histórico criminal.
A forma como o país responderá a essa situação terá implicações significativas para as relações Brasil-EUA e para a política de imigração em ambos os países nos próximos anos.
