Operação Máximus desmantela rede de corrupção, lavagem de dinheiro e venda de decisões no TJTO

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta-feira (23) a Operação Máximus, que visa desarticular uma sofisticada organização criminosa infiltrada no Poder Judiciário do Tocantins. A ação é resultado de meses de investigação sigilosa, que incluiu escutas telefônicas, quebras de sigilo bancário e a colaboração premiada de um dos envolvidos.Ao todo, foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva e 60 de busca e apreensão em cinco estados: Tocantins, Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Distrito Federal. Entre os alvos estão desembargadores, juízes, advogados, servidores públicos e empresários.

Teia de Crimes

As investigações revelaram um esquema complexo e multifacetado de corrupção, com a venda de decisões judiciais e atos administrativos sendo negociada por meio de intermediários. Os valores cobrados variavam de acordo com a complexidade e relevância de cada processo, chegando a cifras milionárias nos casos mais emblemáticos.

Além da corrupção ativa e passiva, a organização criminosa também praticava outros crimes como a lavagem de dinheiro para ocultar a origem ilícita dos recursos. Eram utilizadas empresas de fachada, “laranjas”, compra de imóveis e outros bens de luxo para dar aparência de legalidade ao dinheiro sujo. A exploração de prestígio por parte de magistrados e servidores públicos era outro modus operandi do grupo. Eles se valiam de suas posições de poder para influenciar decisões, agilizar processos e até mesmo perseguir desafetos em troca de vantagens indevidas.

Alvos de Alto Escalão

Entre os principais alvos da Operação Máximus estão figuras proeminentes do Judiciário tocantinense, como a presidente do Tribunal de Justiça, Etelvina Maria Sampaio Felipe, e o presidente do Tribunal Regional Eleitoral, João Rigo Guimarães. Eles tiveram as prisões preventivas decretadas e foram afastados de suas funções.Desembargadores, juízes e até conselheiros do Tribunal de Contas do Estado também foram alvo de mandados de busca e apreensão. A operação ainda alcançou grandes escritórios de advocacia suspeitos de atuar como intermediários na compra e venda de decisões.

Impacto e Próximos Passos

A revelação de um esquema tão amplo e enraizado no Judiciário causou perplexidade e indignação na sociedade tocantinense. O governador Wanderlei Barbosa e a OAB-TO manifestaram repúdio e cobraram uma apuração rigorosa dos fatos. O Superior Tribunal de Justiça (STJ), responsável por autorizar a operação, acompanhará de perto o caso. Espera-se que as investigações avancem com a análise do vasto material apreendido, incluindo documentos e mídias digitais, e com a colaboração dos investigados que firmaram acordos de delação premiada.