Itu (SP), 20 de agosto – Um traficante flagrado com 200 quilos de pasta-base de cocaína foi solto pela Justiça após audiência de custódia em Itu, interior de São Paulo. A decisão foi assinada pelo juiz Marcelo Nalesso Salmaso, que classificou a carga como “não exacerbada” e aplicou o benefício do chamado tráfico privilegiado.
O criminoso foi preso na rodovia Castello Branco, quando tentava fugir da Polícia Militar. No porta-malas do veículo, os agentes encontraram 244 tijolos de pasta-base, com valor estimado em mais de R$ 10 milhões no mercado do tráfico.
Apesar da quantidade suficiente para abastecer facções inteiras, o magistrado considerou que o homem era primário, de bons antecedentes e sem ligação comprovada com organizações criminosas. Por isso, mandou soltá-lo sem pagamento de fiança, alegando “quantidade não exacerbada” de droga.
A decisão causou indignação entre policiais militares, que consideraram o episódio um desrespeito ao trabalho das forças de segurança. Fontes ligadas à PM classificaram a fundamentação como “espantosa” e falaram em descrédito da Justiça.
Especialistas em segurança pública ressaltaram que 200 kg de pasta-base não podem ser tratados como “uso eventual” nem como um deslize menor, já que a substância é matéria-prima para produzir milhares de doses de cocaína pronta para consumo.
O Ministério Público de Itu recorreu da decisão, pedindo a manutenção da prisão preventiva.
Agora, o caso segue para análise do Tribunal de Justiça de São Paulo, que deve decidir se mantém a liberdade provisória ou se revoga a decisão. Enquanto isso, o traficante, pego com uma carga suficiente para movimentar fortunas no submundo, responde em liberdade, graças a uma interpretação judicial que chamou duzentos quilos de cocaína de “pequena quantidade”.