Ex-servidor do TSE confirma perseguição de Moraes à direita em investigações

As recentes revelações de Eduardo Tagliaferro, ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), expõem um direcionamento ideológico nas investigações comandadas pelo ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF).

“A direita foi mais investigada”, afirma ex-assessor

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Tagliaferro confirmou que figuras e grupos ligados à direita foram alvos preferenciais dos inquéritos conduzidos por Moraes.

“Posso afirmar que a direita foi mais investigada sim. Poucas e raras as pessoas de esquerda para quem recebi demandas de investigações”,

Declarou o ex-servidor. Mensagens vazadas mostram que Tagliaferro recebia pedidos informais de Moraes, então presidente do TSE, para apurar, investigar e elaborar relatórios via WhatsApp. Parte desses documentos teria sido usada para embasar medidas como bloqueio de redes sociais e cancelamento de passaportes de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ordens de Moraes deveriam ser cumpridas sem questionamentos

Tagliaferro revelou ainda que as ordens de Moraes no âmbito das investigações deveriam ser rigorosamente obedecidas, sem espaço para contestação. “Não existia alternativa de dizer não ou deixar de fazer o que era mandado”, afirmou o ex-assessor.Segundo ele, a orientação do ministro era “cumprir as suas ordens com celeridade e conteúdo robusto”. A comunicação entre Moraes e Tagliaferro era feita por meio de intermediários ligados ao gabinete do magistrado.

Caso expõe abusos e parcialidade nas investigações

O episódio levanta sérios questionamentos sobre a imparcialidade e os limites dos poderes de Moraes à frente de inquéritos de grande repercussão no STF. Juristas apontam uma problemática “mistura de funções” do ministro ao acumular os papéis de investigar e julgar. Mesmo que amparado por lei, críticos argumentam que essa concentração de poderes é incompatível com o sistema acusatório e viola a “estética de imparcialidade” esperada de um magistrado.

O uso do aparato estatal para perseguir adversários políticos, ainda que sob a justificativa de combater supostas “ameaças à democracia”, é uma prática autoritária que corrói o Estado de Direito. As declarações de Tagliaferro reforçam as suspeitas de abusos e parcialidade nas investigações comandadas por Moraes, expondo um claro viés contra a direita.

O caso suscita um necessário debate sobre a politização do Judiciário e a importância de assegurar a imparcialidade, a transparência e o devido processo legal, pilares fundamentais de uma democracia sólida.