Após Rumble, X também fecha escritórios no Brasil em resposta a decisões de Alexandre de Moraes

A rede social X (anteriormente conhecida como Twitter), sob a liderança de Elon Musk, anunciou neste sábado (17) o fechamento de seu escritório no Brasil e a demissão de toda a sua equipe local, composta por cerca de 30 funcionários. O comunicado foi feito após uma série de atritos com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que teria ameaçado prender a representante legal da empresa no país, Rachel de Oliveira Villa Nova Conceição, por descumprimento de decisões judiciais. Apesar do encerramento das operações no Brasil, a plataforma continuará disponível para os usuários.

Censura e retaliação Judicial: O Motivo por Trás da Saída

A decisão de fechar os escritórios no país foi acompanhada de duras críticas a Alexandre de Moraes, que, segundo o X, estaria impondo censura e desrespeitando o devido processo legal. Em comunicado, a rede social destacou que a atitude do ministro foi incompatível com os princípios de um governo democrático, levando a empresa a encerrar suas atividades para proteger a segurança de seus colaboradores. Por enquanto o serviço ainda está disponíveis para os usuários.

O X revelou que a saída foi motivada por decisões sigilosas de Moraes, que incluíam a possibilidade de prisão da administradora do escritório no Brasil e multas diárias de R$ 20 mil caso a empresa não cumprisse ordens de bloqueio de contas. A rede social afirmou que já recorreu repetidamente ao STF, sem sucesso, enquanto o público brasileiro permanecia sem acesso a informações completas sobre essas ordens.

Estamos profundamente tristes por termos sido forçados a tomar essa decisão. A responsabilidade é exclusivamente de Alexandre de Moraes. Suas ações são incompatíveis com um governo democrático. O povo brasileiro tem uma escolha a fazer — democracia ou Alexandre de Moraes“, declarou a empresa.

O X não é a primeira plataforma a sair do país

A saída do X não é um caso isolado. Em dezembro de 2022, a plataforma de vídeos Rumble também decidiu encerrar suas operações no Brasil em protesto contra decisões judiciais lideradas por Moraes. O CEO da Rumble, Chris Pavlovski, declarou na época que não cederia a pressões de governos estrangeiros para censurar seus criadores de conteúdo. O motivo específico da saída envolvia o bloqueio de canais do influenciador Monark, que estavam sendo investigados no contexto dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.

A Rumble, assim como o X, argumentou que as decisões judiciais representavam uma violação aos princípios de liberdade de expressão e configuravam censura de conteúdo lícito. A situação gerou repercussão internacional, com o Congresso dos Estados Unidos investigando as ordens emitidas pelo STF e seus impactos sobre a liberdade de discurso online.

Decisões Sigilosas e Intimidações: O Cenário Atual

O caso do X reflete um cenário cada vez mais preocupante para as empresas de tecnologia que operam no Brasil. A intensificação de medidas coercitivas, como a ameaça de prisão e o uso de decisões sigilosas, traz à tona o debate sobre o limite do poder do Judiciário e os riscos de autoritarismo. No caso específico do X, Moraes determinou o bloqueio de contas em 7 de agosto, o que não foi cumprido pela plataforma, resultando em multas acumuladas de mais de R$ 300 mil. A resistência em atender às ordens judiciais, somada à dificuldade de comunicação entre o STF e os representantes da empresa no Brasil, culminou nas medidas extremas adotadas pelo ministro.

Esse contexto evidencia a crescente tensão entre a aplicação das leis nacionais e a liberdade das plataformas digitais em gerenciar seu conteúdo sem interferência excessiva. Com a saída do X e da Rumble, o Brasil se torna um exemplo de como decisões judiciais severas podem forçar a retirada de empresas globais, com consequências econômicas e tecnológicas para o país.

Para muitos, as ações do STF, especialmente as de Alexandre de Moraes, levantam preocupações legítimas sobre a liberdade de expressão e o risco de se impor uma censura estatal disfarçada de decisões judiciais. O futuro das plataformas digitais no Brasil depende agora de como o país irá balancear o cumprimento das leis com a garantia de um ambiente livre para a inovação e o debate público.

À medida que outras plataformas observam o desenrolar desses conflitos, o Brasil pode enfrentar um cenário em que grandes empresas reconsiderem seus investimentos e operações no país, impactando não apenas a economia, mas também o acesso dos cidadãos a serviços globais essenciais para a liberdade de expressão e para a troca de informações. Se não houver um equilíbrio mais claro entre as decisões judiciais e a autonomia das plataformas, o risco de isolamento digital e retrocesso será cada vez mais real.