Alexandre Frota operava em colaboração com Alexandre de Moraes para bloquear redes sociais de críticos ao STF

As recentes revelações publicadas pelo jornal Folha de S.Paulo trouxeram à tona um novo capítulo envolvendo o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Desta vez, o foco recai sobre a colaboração do ex-deputado federal Alexandre Frota, que teria atuado informalmente junto à equipe do ministro, fornecendo informações que resultaram no bloqueio de perfis nas redes sociais de críticos à Suprema Corte e seus integrantes.

Segundo as denúncias, Frota enviava à equipe de Moraes perfis de figuras públicas que, de alguma forma, se posicionavam contra os interesses do STF. Entre os alvos, estava o cantor gospel Davi Sacer, cujo perfil no Twitter foi suspenso após protestos em Nova Iorque contra ministros da Corte. As informações repassadas por Frota teriam sido decisivas para a inclusão de Sacer em um relatório que culminou na exclusão de suas redes sociais, com base em acusações de incitação à violência.

A Reação dos Bolsonaros

A revelação dessa colaboração provocou reações imediatas de figuras políticas ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) não economizou nas críticas e utilizou sua conta na rede social X para expressar sua indignação:

“Alexandre Frota também colaborou com o complexo industrial de perseguição de Alexandre de Moraes. Não se trata mais de informalidade, estamos vendo a verdadeira suruba que existiu ali… Indefensável!”

Na mesma linha, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) também se manifestou, apontando o que considera um absurdo dentro do sistema judicial:

“O mais alto nível do Judiciário cumpria conselhos de Alexandre Frota! Quem vai passar pano para o Frota agora? Ex-ator de filme pornô e ex-deputado Alexandre Frota tinha contato com juízes auxiliares de Moraes, que cumpriam sugestões dele. Meu Deus!”

A Influência de Frota nos Bastidores

De acordo com as mensagens reveladas, há um diálogo entre Airton Vieira, juiz instrutor de Moraes no STF, e Eduardo Tagliaferro, chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Nessas conversas, Vieira solicita que as publicações de Davi Sacer sejam incluídas em um relatório para fins de bloqueio. Embora Tagliaferro tenha levantado preocupações sobre a repercussão negativa que a ação poderia gerar, especialmente entre evangélicos e católicos, a pressão para prosseguir teria vindo diretamente de Frota, a pedido de Moraes.

“O problema é que foi o ministro quem pediu. Depois recebi pelo deputado Frota… Paciência. Vamos em frente”, disse Vieira em resposta.

No dia 15 de novembro de 2022, as redes sociais de Davi Sacer foram suspensas. Desde então, o perfil do cantor permanece fora do ar, sob a acusação de incitar ataques contra ministros do STF.

Implicações e Consequências

O caso expõe um lado controverso da atuação do Judiciário brasileiro, onde alianças informais entre políticos e magistrados podem influenciar decisões com repercussões significativas. Para os críticos, como os membros da família Bolsonaro, essa situação reflete uma perseguição seletiva e reforça a percepção de que o Judiciário estaria agindo de forma partidária e autoritária.

Esse episódio reacende o debate sobre os limites da atuação do STF e a transparência nas decisões que afetam diretamente a liberdade de expressão nas redes sociais. Ao envolver figuras como Alexandre Frota, cuja trajetória política e pessoal já é cercada de polêmicas, a questão ganha ainda mais complexidade e desperta reações fortes em diferentes setores da sociedade.

As revelações da colaboração entre Frota e Moraes levantam dúvidas sobre a imparcialidade do Judiciário em temas politicamente sensíveis e aprofundam a divisão entre apoiadores e críticos do atual cenário político. O episódio, além de reforçar as críticas ao STF, também coloca em evidência o poder de influência que personagens externos, como Frota, podem ter em decisões que impactam a democracia e o direito à liberdade de expressão.