Entre a terça-feira (5/8/2025) e a quarta-feira (6/8/2025), a oposição ocupou os plenários da Câmara e do Senado por cerca de 24 a 36 horas em protesto contra a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (PL), determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. O movimento foi liderado majoritariamente por parlamentares do PL, com apoio de aliados do Novo, PP, PSD e União Brasil, que se revezaram nas mesas das Casas Legislativas para obstruir os trabalhos e impedir a reabertura oficial do semestre legislativo.
Entre os protagonistas na Câmara estiveram o líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), e nomes como Gustavo Gayer (PL-GO), que passou a noite no plenário, além de Alexandre Ramagem (PL-RJ) e Marcel van Hattem (Novo-RS), que articularam apoio a pautas como anistia aos condenados do 8/1 e o fim do foro privilegiado.
No Senado, a linha de frente incluiu o líder da oposição Rogério Marinho (PL-RN) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que defenderam pautar o impeachment de Alexandre de Moraes e compor um “pacote da paz” com anistia e PEC do fim do foro; Marcos do Val (Podemos-ES) também participou e exibiu a tornozeleira eletrônica durante a ocupação.
O que aconteceu no Congresso, por mais que tentem pintar de outro jeito, não foi motim tampouco ataque à democracia. Foi o reflexo de um país cansado, um grito entalado de quem ainda acredita que vale lutar contra um sistema que se fechou em torno da própria toga. Não dá mais pra fingir que é normal ver o Legislativo calado, dobrado, assistindo o Judiciário assumir funções que não são dele.
Lá fora, o povo geme pedindo justiça, liberdade, representação de verdade. Mas a velha imprensa, que já trocou faz tempo a vocação pela militância, escolheu seu lado. Em vez de ouvir esse clamor, decidiu apontar o dedo e culpar quem faz resistência. O Estadão, por exemplo, resolveu chamar de “golpismo” o ato de impedir que o Congresso vire um puxadinho do STF. E fez isso com aquele tom superior de quem parece mais preocupado em agradar a bolha do que contar o que realmente está acontecendo.
O mais irônico é que, dessa vez, ninguém invadiu, ninguém quebrou nada. O que houve foi obstrução parlamentar, algo previsto, legítimo; um expediente utilizado pela esquerda há décadas.
Deputados e senadores apenas travaram as votações por algumas horas. Por quê? Não foi pra “salvar Bolsonaro”, como alardeiam colunistas que parecem viver num loop mental. Foi pra jogar luz sobre algo que a maioria finge não ver: a perseguição aberta do STF contra conservadores, em nome de uma falsa “defesa da democracia”.
Quando o STF começa a legislar, quando ministros decidem o que pode ou não ser dito, e o Congresso assiste de braços cruzados, quem, de fato, está do lado do povo?
A cena é tão absurda que chega a parecer piada: gente que passou a vida justificando invasões de escola, ocupações ilegais e greves ideológicas agora se descabela porque meia dúzia de parlamentares cruzou os braços dentro do plenário. De repente, travar o Congresso por algumas horas virou “terrorismo institucional”. Seria cômico, se não fosse trágico. Ou diabólico, quem sabe.
Dizer que esses parlamentares sequestraram o Congresso por exercerem um direito legítimo é, na prática, negar o próprio princípio da democracia representativa. Mas isso, pra quem se diz progressista, pouco importa. Pra essa turma, democracia foi desvirtuada em sua pauta ideológica.
E por trás desse teatrinho moralista, quem aparece como protagonista? A cúpula do Supremo. Alexandre de Moraes já não age como juiz há muito tempo. Seu papel se assemelha mais ao de um inquisidor — decide, pune, censura. Qualquer tentativa de colocar freio vira “golpe”. E a pergunta que fica é: quem se beneficia dessa instabilidade forçada?
O Congresso não foi tomado. Foi sacudido.