O mercado financeiro caiu na real e não acredita mais em discurso. A desconfiança em relação ao governo Lula, longe de ser uma percepção subjetiva, apoia-se em fatos concretos, números incontestáveis e uma sequência de sinais claros de que a responsabilidade fiscal não é prioridade na atual gestão. Os anúncios do Ministério da Fazenda, liderado por Fernando Haddad, não têm sido suficientes para mudar o ânimo dos investidores, que reagem a um quadro alarmante de desequilíbrio nas contas públicas.
Basta observar os dados divulgados: somente entre janeiro e setembro deste ano, a soma nominal do déficit e outras obrigações do governo superou a marca de R$ 1 trilhão. Ao mesmo tempo, as despesas anuais têm se expandido na casa dos R$ 400 bilhões, corroendo qualquer perspectiva de equilíbrio. E o que se propõe para 2025? Um corte tímido, de apenas R$ 30 bilhões, frente a um aumento de gastos projetado em pelo menos R$ 165 bilhões. Em outras palavras, um enxugamento irrisório diante de uma montanha de gastos crescentes.
Ao perceber essa falta de compromisso com o ajuste fiscal, o mercado reage. O Tesouro Nacional, em seus leilões, encontra cada vez mais dificuldade em convencer investidores a comprar títulos públicos. Não é à toa que, mesmo oferecendo taxas fixas acima de 13% ao ano, o governo se deparou recentemente com leilões sem um único interessado. Na renda fixa indexada, a situação é igualmente grave: títulos atrelados ao IPCA chegam a oferecer IPCA + 7% ao ano, um patamar que beira o absurdo e que evidencia o prêmio de risco exigido pelo investidor para colocar seu dinheiro em um país que parece ignorar o saneamento de suas contas.
Essa dinâmica dispara um efeito em cadeia. Com a deterioração fiscal, a credibilidade da política econômica cai, o real se desvaloriza frente ao dólar, a inflação tende a subir e a taxa de juros, hoje já elevada, torna-se ainda mais difícil de ser reduzida. Enquanto a inflação oficial ronda os 4% a 5% ao ano, na prática o consumidor brasileiro sente o bolso apertar com aumentos superiores a 20% em itens de consumo e serviços.
A alta dos preços bate à porta do cidadão comum, afetando especialmente os mais pobres — aqueles que o governo alega defender. A retórica oficial, porém, tenta justificar o descalabro argumentando que “cuida do povo” ao ampliar isenções de imposto de renda até salários de R$ 5 mil, ignorando que tais medidas, sem o devido lastro fiscal, acabam por alimentar o desequilíbrio de longo prazo.
A conta dessa irresponsabilidade do Governo não é só para agora. Ao elevar a dívida pública e seus juros, cria-se uma bola de neve cujo peso será carregado por gerações futuras. Cada ponto percentual extra nos rendimentos dos títulos do Tesouro hoje é um fardo a mais que filhos e netos terão de suportar amanhã. O Brasil já está pagando o preço do descrédito: sem confiança, não há investimento produtivo, não há crescimento sustentável, não há estabilidade.
O Brasil está à beira do abismo. Não há mais espaço para paliativos ou discursos vazios: é urgente agir com firmeza, implementar cortes significativos e demonstrar verdadeira determinação para frear o descontrole das contas públicas. Caso contrário, o governo Lula será lembrado como o responsável por um país afundado em dívidas, sufocado pela inflação, com juros nas alturas e um povo empobrecido. Afinal, a realidade não se curva à narrativa. É hora de o governo despertar acordar pra vida.