Em uma decisão unânime que reflete a crescente preocupação com o cenário econômico, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, em Brasília, elevou nesta quarta-feira (6) a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, levando a Selic a 11,25% ao ano. A medida representa uma aceleração no ritmo de aperto monetário, após o aumento mais modesto de 0,25 ponto em setembro.
O Peso das Incertezas
O ambiente externo turbulento, marcado pela vitória de Donald Trump nas eleições americanas e tensões no Oriente Médio, contribuiu significativamente para a decisão. O dólar, que chegou a atingir R$ 5,86 durante o dia, reflete as preocupações dos investidores com possíveis políticas inflacionárias nos Estados Unidos.
Inflação no Radar
As expectativas inflacionárias deterioraram-se consideravelmente. O mercado financeiro já projeta que a inflação encerrará 2024 em 4,59%, ultrapassando o teto da meta de 4,5%. A pressão inflacionária é agravada pela desvalorização do real e pelo impacto da seca sobre os preços de alimentos e energia elétrica.
Impactos na Economia Real
Para o setor produtivo, especialmente a indústria, a elevação dos juros representa um golpe significativo. A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) manifestou preocupação com os impactos negativos sobre investimentos, competitividade e geração de empregos.
O Que Esperar
O mercado financeiro antecipa que o ciclo de alta não acabou. As projeções apontam para uma Selic de 11,75% até o final de 2024, com possível reversão apenas em 2025. O próximo encontro do Copom está marcado para os dias 10 e 11 de dezembro.
Em um momento crítico para pensar: enquanto o BC intensifica o combate à inflação com juros mais altos, o governo hesita em apresentar medidas concretas para o ajuste fiscal. Será que estamos condenados a um eterno ciclo de juros elevados por conta da nossa incapacidade de equilibrar as contas públicas de forma estrutural?