Negacionismo econômico do PT: ministra Esther Dweck diz que rombo histórico das estatais é “investimento estratégico”

Em um perigoso exercício de negacionismo econômico, a ministra da Gestão, Esther Dweck, minimizou de forma irresponsável o déficit de R$ 8,07 bilhões nas estatais.

Ao lado do presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, em 31 de janeiro, Dweck desafiou a lógica e os fatos, insistindo que o rombo é, na verdade, “investimento estratégico“. Essa narrativa falaciosa demonstra um desprezo alarmante pela realidade fiscal e pelas consequências desastrosas que podem advir.

Os fatos são implacáveis. O Banco Central escancarou a devastação das contas públicas: R$ 8,07 bilhões de déficit, o resultado mais calamitoso da série histórica. Essa cifra estarrecedora, quatro vezes maior que o recorde anterior, revela uma escalada de gastos ensandecida que reaviva o pesadelo da gestão Dilma.

O governo Lula parece obcecado em reeditar os erros do passado, com consequências nefastas para o futuro do país.

A farsa semântica: por que “déficit” é sim um rombo

O Banco Central não deixa margem para interpretações fantasiosas: em 2024, o setor público consolidado teve déficit primário de R$ 47,6 bilhões (0,4% do PIB), com as estatais respondendo por 17% do buraco.

A tentativa de Dweck de separar “déficit fiscal” de “prejuízo contábil” é uma cortina de fumaça:

  • 11 das 20 estatais avaliadas operaram no vermelho, incluindo os Correios (déficit de R$ 3,2 bi) e a Infraero (R$ 541 mi).
  • 83% do rombo (R$ 6,7 bi) vem de empresas federais, mesmo excluindo Petrobras e bancos públicos.
  • aumento de 44% nos investimentos citado pelo governo foi financiado por reservas esgotáveis – uma estratégia insustentável, como alertou a economista Zeina Latif: “Não há transparência sobre a natureza desses gastos“.

A comparação com 2014 é inevitável: assim como Dilma Rousseff usava a “nova matriz econômica” para justificar descontrole, Lula repete o erro ao normalizar déficits bilionários.

Três verdades inconvenientes que o governo insiste em ocultar

1. O mito do “investimento produtivo”: gastos sem retorno e reservas esgotáveis

A narrativa oficial de que R$ 96,18 bilhões em investimentos justificam déficits recordes esbarra em contradições gritantes:

  • Correios: o buraco sem fundo
    A estatal lidera o rombo com R$ 3,2 bilhões em 2024, 50% do déficit total das 20 empresas avaliadas. Apesar de receber R$ 830 milhões em investimentos, acumula prejuízos desde 2013 e sobrevive com subsídios disfarçados. Projetos como o “Banco Digital” e “Marketplace” fracassaram, enquanto o monopólio postal perde espaço para empresas privadas.
  • Emgepron: o elefante branco naval
    Com déficit de R$ 1,9 bilhão em 2024, a empresa de projetos navais é símbolo de má gestão. A construção de fragatas da Classe Tamandaré, orçada em R$ 9 bilhões, enfrenta críticas do TCU por precificação deficiente e ausência de plano de viabilidade. Mesmo após R$ 10,25 bilhões em capitalizações desde 2017, a empresa não gera receitas sustentáveis.
  • Reservas: a falácia do “caixa próprio”
    Dos R$ 5,3 bilhões investidos pelas estatais em 2024, 83% vieram de reservas – dinheiro finito que não se repõe sem novos subsídios. O modelo é insustentável: as empresas já esgotaram 44% de seus recursos acumulados, sem garantia de retorno financeiro.

2. A hipocrisia da meta fiscal: maquiagem contábil em escala Dilma

O governo celebra um déficit de 0,09% do PIB, mas o feito só foi possível graças a manobras questionáveis:

  • Exclusão de R$ 32 bilhões em gastos extraordinários
    Despesas com reconstrução pós-enchentes no Rio Grande do Sul (R$ 5,3 bi), combate a incêndios na Amazônia e subsídios ao Judiciário foram retirados da conta final. Se incluídos, o déficit real salta para 0,36% do PIB – 44% acima do limite legal.
  • Contabilidade criativa: o “jeitinho petista”
    A separação artificial entre “investimentos” e despesas correntes repete práticas condenadas pelo FMI em 2015. O BC alerta que 76% do déficit das estatais vem de gastos operacionais, não de obras. Na ENBPar, por exemplo, R$ 1,2 bi em “investimentos” foram usados para cobrir rombos da Eletronuclear.

3. O fantasma da ingovernabilidade: cabides de emprego e aparelhamento

O modelo de gestão das estatais sob Lula relembra os piores vícios do Mensalão:

  • Folha salarial estratosférica
    No Serpro, 60% dos custos são com pessoal. Diretores recebem até R$ 65 mil/mês, enquanto a empresa acumula prejuízos de R$ 590 milhões. Na Infraero, 72% do orçamento vai para salários, mesmo com aeroportos em colapso.
  • Nomeações ideológicas
    A indicação de Fabiano Silva dos Santos para presidir os Correios – sem experiência no setor postal, mas com passagem no Instituto Lula – reflete o aparelhamento político. Na EBSERH, 83% dos cargos de confiança são ocupados por filiados a partidos da base aliada.

A lição não aprendida: 2014 nunca acabou

Indicador20142024Risco
Déficit das estataisR$ 2 biR$ 8,07 bi+303%
Dívida/PIB56,7%75,9%Crise BBB
Crescimento econômico-3,5%2,1%Frágil

Economistas apontam que o crescimento de 2024 foi puxado por commodities e consumo interno, não por investimentos produtivos. Para Elena Landau: “Estamos repetindo o erro de confundir gastos com desenvolvimento. O PT transformou estatais em balcões de negócios políticos”.

Enquanto Dweck insiste que “déficit não é rombo”, o Tesouro admite que 11 das 20 estatais operam em colapso técnico. A conta chegará ao contribuinte: ou via novos impostos, ou pelo arrocho fiscal pós-2026.