O fundador e CEO da Petz, Sergio Zimerman, declarou publicamente, em entrevistas e redes sociais, seu apoio à taxação adicional para contribuintes com renda anual acima de R$ 600 mil e criticou as recentes alterações no Imposto de Renda propostas pelo governo federal, chamando-as de “aumento disfarçado de arrecadação”. Em um contexto marcado pela disparidade social, o empresário ganhou destaque ao afirmar que executivos e controladores de grandes empresas pagam proporcionalmente menos impostos que assalariados comuns, pois se beneficiam há décadas de isenções sobre dividendos e de regimes fiscais favoráveis a grandes fortunas no Brasil.
A postura do fundador e CEO da Petz, Sergio Zimerman, ao defender a taxação sobre rendas acima de R$ 600 mil, revela as contradições frequentes do empresariado brasileiro multimilionário que se apresenta como “consciente” em temas fiscais, mas se beneficia de um sistema que há décadas sobrecarrega justamente trabalhadores e a classe média. Enquanto o discurso é por justiça social e reformas estruturais, na prática, grandes empresas e seus controladores usufruem de alíquotas efetivas inferiores às impostas sobre salários convencionais e ao consumo — condenando milhões a uma carga tributária sufocante e asfixiando qualquer mobilidade social real.
Discursos, privilégios e os custos para a maioria
A fala de Zimerman ocorre enquanto a maioria dos brasileiros vê crescer sua carga tributária real, especialmente por meio de impostos indiretos embutidos nos preços de bens e serviços, como alimentação, transporte e energia. Ao mesmo tempo, grandes fortunas e lucros empresariais mantêm isenções ou dispositivos que facilitam o planejamento tributário, mantendo praticamente intocada a elite econômica nacional.
Na trajetória empresarial de Sergio Zimerman – marcada por histórias de superação, mas também por benefícios típicos do grande capital, como facilidade de acesso a crédito, incentivos fiscais e operações multimilionárias na bolsa – fica evidente a distância entre o discurso de justiça social e as práticas cotidianas do alto empresariado. Sua defesa de maior taxação ocorre paralelamente ao uso de estratégias para redução de carga tributária pelas próprias empresas do setor.
O discurso de Zimerman revela-se como uma forma de hipocrisia calculada: é a condenação retórica de um sistema que, na prática, lhe garante vantagens competitivas e acumulação de riqueza. Sua postura, longe de ser um ato de coragem, é um exemplo acabado de como a elite econômica brasileira aprendeu a instrumentalizar o discurso da justiça social para manter, intacto, o status quo que a enriquece.
Enquanto isso, a máquina continua. A Petz continuará usando as mesmas estruturas societárias que minimizam sua carga tributária. Zimerman continuará pagando alíquotas efetivas que fariam qualquer assalariado chorar de rir – ou de raiva. E continuará, obviamente, defendendo publicamente o fim dos privilégios que o tornaram multimilionário.