Um estudo macroeconômico realizado por economistas do banco Itaú revelou que os brasileiros perderam R$ 23,9 bilhões em apostas online entre junho de 2023 e junho de 2024. Esse valor representa 0,22% do PIB (Produto Interno Bruto) do país no período.
Metodologia do Estudo
Os economistas Luiz Cherman e Pedro Duarte utilizaram duas metodologias para chegar a essa projeção:
- Balanços de pagamentos do Banco Central: Considerou o dinheiro que sai do país para o exterior, onde as casas de aposta são registradas. Inclui gastos com “bets”, cassinos online como o “jogo do tigrinho” e outros jogos por aplicativos que envolvem dinheiro.
- Gasto com marketing pelas empresas: Foram consideradas referências internacionais, como a “Flutter” e a “888” do Reino Unido, e os sites “FanDuels” e “DraftKings” dos Estados Unidos, onde o investimento em marketing varia de 19% a 75% do faturamento.
Crescimento Exponencial do Mercado de Apostas
O mercado de apostas esportivas no Brasil está em franca expansão, com um aumento de 95% nos acessos aos sites de apostas entre setembro e novembro de 2023. Esse crescimento foi impulsionado pela conveniência, variedade de opções e experiência aprimorada oferecidas pelas plataformas online. Dados mostram que aproximadamente 38% dos brasileiros já participaram de apostas esportivas online em 2024, sendo que 25% apostam frequentemente e 54% ocasionalmente. A maioria dos apostadores são jovens entre 18 e 44 anos, com destaque para a faixa de 25 a 34 anos.
Impacto na Economia e na Sociedade
Embora o valor gasto com apostas represente apenas 0,2% do PIB, os números são significativos:
- Os brasileiros colocaram R$ 68,2 bilhões nas plataformas de apostas
- Conseguiram sacar R$ 44,3 bilhões
- Tiveram uma perda líquida de R$ 23,9 bilhões
Isso significa que, a grosso modo, a cada R$ 3 aplicados nas casas de apostas, o brasileiro perde R$ 1. Além dos prejuízos financeiros, o crescimento desenfreado das apostas online traz riscos como o desenvolvimento de vícios, problemas pessoais e familiares, depressão e ansiedade. Diante desse cenário, cresce o debate sobre a necessidade de uma regulamentação mais rigorosa do setor no Brasil.
A partir de janeiro de 2025, novas regras entrarão em vigor, determinando, por exemplo, que as plataformas suspendam apostadores com alto risco de dependência. O futuro do mercado de apostas esportivas online no país dependerá de como o governo e a sociedade lidarão com os desafios regulatórios e os impactos socioeconômicos dessa atividade que movimenta bilhões e afeta a vida de milhões de brasileiros.