O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil decidiu, em reunião realizada nesta quarta-feira (31), manter a taxa básica de juros, conhecida como Selic, em 10,5% ao ano. Esta decisão, tomada por unanimidade, marca a segunda vez consecutiva que o comitê opta pela manutenção da taxa, sinalizando uma postura mais conservadora diante dos desafios econômicos atuais.
A manutenção da Selic neste patamar ocorre após um ciclo de sete cortes consecutivos iniciado em agosto de 2023, quando a taxa estava em 13,75%. Esse movimento de redução gradual dos juros foi interrompido em maio deste ano, quando o Copom realizou o último corte antes de adotar a atual postura de cautela.

No comunicado divulgado após a reunião, o Copom deixou claro que o cenário econômico atual demanda uma vigilância redobrada. Os diretores do Banco Central destacaram que a conjuntura, tanto doméstica quanto internacional, exige “acompanhamento diligente e ainda maior cautela” na condução da política monetária.
Entre os fatores que justificam essa postura mais conservadora, o comitê citou:
- A resiliência da atividade econômica brasileira, que tem se mostrado mais forte do que o inicialmente esperado;
- A elevação das projeções de inflação para os próximos anos;
- As expectativas de inflação “desancoradas”, ou seja, acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional;
- Um cenário internacional ainda adverso, marcado por incertezas sobre os impactos da flexibilização monetária nos Estados Unidos e as dinâmicas de atividade e inflação em diversos países.
O Copom ressaltou a importância de manter a política monetária contracionista – isto é, com juros elevados – por tempo suficiente para consolidar não apenas o processo de desinflação, mas também para ancorar as expectativas de inflação em torno da meta. Esta postura visa garantir a estabilidade de preços na economia brasileira no médio e longo prazo.
Além disso, o comitê deixou em aberto a possibilidade de ajustes futuros na taxa de juros, indicando que eventuais mudanças serão guiadas pelo “firme compromisso de convergência da inflação à meta”. Esta sinalização sugere que o Banco Central está preparado para elevar os juros, se necessário, caso as pressões inflacionárias se intensifiquem.
A decisão do Copom estava alinhada com as expectativas do mercado financeiro. O último Boletim Focus, que reúne as projeções de analistas do mercado, já indicava que a Selic deveria permanecer em 10,5% até o final de 2024, sem novos cortes neste ano.
O próximo encontro do Copom está agendado para os dias 17 e 18 de setembro, quando o comitê voltará a avaliar o cenário econômico e as perspectivas para a política monetária. Até lá, os agentes econômicos e o mercado financeiro estarão atentos a novos dados e indicadores que possam influenciar as próximas decisões do Banco Central sobre a taxa de juros.
Esta postura cautelosa do Copom reflete o delicado equilíbrio que o Banco Central busca manter entre o controle da inflação e o estímulo à atividade econômica, em um contexto de incertezas tanto no cenário doméstico quanto no internacional.