O Brasil registrou um aumento alarmante de 25% no número de pessoas em situação de rua em 2024, atingindo 327.925 indivíduos, em comparação com 261.653 pessoas registradas em dezembro de 2023. Este crescimento exponencial representa um marco preocupante, sendo 14 vezes superior ao número documentado há onze anos, quando apenas 22.922 pessoas viviam nas ruas do país.
Distribuição Geográfica e Perfil
A Região Sudeste concentra 63% desta população, totalizando 204.714 pessoas em situação de rua. O estado de São Paulo lidera com 139.799 pessoas, representando 43% do total nacional – um salto significativo dos 106.857 registrados em dezembro de 2023. Na sequência aparecem Rio de Janeiro e Minas Gerais, com 30.801 e 30.244 pessoas, respectivamente.
O perfil desta população revela uma realidade ainda mais crítica: 70% não concluíram o ensino fundamental e 11% são analfabetos. Além disso, cerca de 70% das pessoas em situação de rua são negras, e 87% têm entre 18 e 59 anos.
Contexto Global
Em perspectiva internacional, o Brasil apresenta números significativos, mas ainda distantes dos países com maiores índices de pessoas em situação de rua. Nos Estados Unidos, por exemplo, houve um aumento de 18,1% em 2024, atingindo mais de 770.000 pessoas. O Paquistão lidera globalmente com aproximadamente 8 milhões de pessoas sem moradia.
Desafios e Soluções Propostas
Um dado revelador aponta que só na cidade de São Paulo existem cerca de 590 mil imóveis particulares vazios, número muito superior às 92.556 pessoas em situação de rua na capital paulista. Esta disparidade evidencia um problema estrutural de distribuição habitacional.
O governo de São Paulo destinou aproximadamente R$156 milhões em serviços de Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade, de um total de R$240 milhões do Fundo Estadual de Assistência Social. No entanto, especialistas apontam que apenas políticas estruturantes de moradia e geração de emprego podem efetivamente solucionar o problema.
O crescimento desta população pode ser atribuído tanto ao fortalecimento do CadÚnico como principal registro desta situação quanto à insuficiência de políticas públicas estruturantes voltadas para moradia, trabalho e educação.