Lívia Goulart Belmiro, 16 anos, morreu após 8 atendimentos errados e negligentes no sistema público de saúde em Canoas/RS

Canoas, 21 de abril de 2025 – A morte da adolescente Lívia Goulart Belmiro, de apenas 16 anos, após oito diagnósticos errados em unidades públicas de saúde de Canoas/RS, é o retrato cruel da falência do sistema de saúde pública. Não se trata de um acidente isolado, mas da consequência inevitável de uma cultura institucional que despreza o conhecimento, a responsabilidade e a vida humana.

Lívia Goulart Belmiro

O desencadear dos fatos: uma vida desperdiçada pela negligência sistêmica

Entre os dias 12 e 31 de março de 2025, Lívia percorreu sete vezes a UPA de Caçapava e, em outra ocasião, a Unidade Básica de Saúde (UBS) Santo Operário, no Rio Grande do Sul. Em cada visita, apresentava sintomas claros e graves: dor abdominal intensa, vômitos persistentes, febre e mal-estar. O que recebeu, no entanto, foram diagnósticos superficiais, como “dor de barriga” ou “ansiedade”, e prescrições de analgésicos banais como dipirona e ibuprofenosem qualquer investigação aprofundada.

Somente no dia 3 de abril, quando seu quadro já estava irreversivelmente agravado, Lívia foi internada no Hospital Nossa Senhora das Graças, onde, enfim, uma tomografia revelou o óbvio negligenciado: apendicite aguda com peritonite — uma condição tratável e de alta taxa de cura, quando diagnosticada a tempo. Apesar de duas cirurgias emergenciais, a jovem não resistiu. Faleceu no dia 9 de abril, vítima de infecção generalizada.

A mãe, Jaqueline Goulart, desabafou nas redes sociais com uma dor que transcende o pessoal e acusa o coletivo:

“Minha filha faleceu por negligência médica. Não são capazes de identificar a diferença de uma doença para outra. Minha revolta é muito grande. Como serão meus dias agora?”

A falência do sistema: um retrato da decadência ética e técnica

O que aconteceu com Lívia não é um erro pontual, mas o sintoma de uma decadência institucional que se alastra pelo Brasil. Médicos, que deveriam ser guardiões da vida, transformaram-se em burocratas desumanizados, escravos de protocolos engessados, despreparados para o diagnóstico clínico e reféns de uma estrutura que premia quantidade de atendimentos em detrimento da qualidade.

A repetição das consultas, a superficialidade dos diagnósticos e a ausência de exames adequados revelam um sistema que prefere minimizar sintomas graves a assumir responsabilidades. Apendicite — doença comum, didaticamente ensinada no primeiro ano da medicina — foi tratada como um incômodo trivial. Uma falha imperdoável que custou a vida de uma adolescente.

Enquanto isso, a resposta oficial da prefeitura se resume a uma nota protocolar, anunciando a abertura de sindicância — um gesto burocrático que soa mais como tentativa de contenção de danos do que como um verdadeiro compromisso com a justiça e a vida. O Ministério Público investiga o caso, mas a sensação é de que o sistema protege seus agentes e abandona as vítimas à própria sorte.

A verdade oculta por trás da negligência

Este não é apenas mais um caso de negligência médica. É a corrosão terminal dos valores fundamentais que deveriam sustentar a medicina e a administração pública. A negligência, aqui, não é apenas clínica — é moral e intelectual. É o fruto podre de um sistema que rejeita a excelência, a responsabilidade individual e a busca honesta pela verdade.

O que está em jogo é o destino da própria civilização brasileira, entregue de bandeja ao relativismo e à mediocridade, sacrificando vidas inocentes em nome de uma falsa igualdade e de um assistencialismo que não educa nem previne — apenas maquila estatísticas e produz tragédias anunciadas.

A morte de Lívia é um grito contra a barbárie institucionalizada, um chamado urgente para que a sociedade recupere o senso de responsabilidade, exigindo de seus agentes públicos a competência e a ética que deveriam ser inegociáveis. Não há espaço para desculpas ou omissões quando vidas humanas estão em jogo.

O ciclo da mediocridade: onde todo mundo é especialista, mas ninguém é responsável

Enquanto o Brasil continuar a tratar sintomas graves como incômodos passageiros e proteger os negligentes em nome da burocracia, continuará a fabricar vítimas como Lívia. A hora da verdade chegou: é preciso coragem para enfrentar a mediocridade, exigir justiça e reconstruir um sistema que, antes de tudo, respeite a vida humana.

Este caso é mais do que uma tragédia pessoal — é o espelho da decadência que assola o país. Mas também é uma oportunidade para que a sociedade desperte e lute contra essa barbárie institucionalizada. Que a memória de Lívia sirva como um farol na escuridão, iluminando o caminho para um Brasil mais justo, humano e responsável.

Não se trata de um caso isolado. A ignorância institucionalizada é a nova religião nacional. Não há erro — há padrão. Não há exceção — há método. O que morre com Lívia é a consequência natural de uma cultura que promove o mediocrata e crucifica o competente. Uma cultura que, no coração, cultua a ideologia da igualdade burra, onde todos são “especialistas”, mas ninguém é responsável.

A medicina, que um dia foi arte, ciência e vocação, virou guichê de supermercado. O médico já não pensa — executa o fluxo. E se o paciente morrer? Paciência. O importante é que o formulário esteja preenchido. Essa cultura não nasceu por acaso: é fruto de décadas de doutrinação pedagógica, onde o mérito foi jogado no lixo e a autoridade, substituída por slogans de inclusão.

Lívia é mártir de um Brasil que não respeita seus filhos. Um país onde a vida humana já não vale mais que um parecer técnico mal redigido. A esquerda, os burocratas, os especialistas de jaleco e os militantes da indiferença moral são cúmplices disso. Não cometam o erro de pensar que isso foi uma tragédia imprevisível: foi a consequência matematicamente exata de tudo o que nossa cultura institucional promoveu nas últimas décadas.