O médico ginecologista Felipe Sá, de 40 anos, foi condenado pela Justiça a 35 anos, 1 mês e 9 dias de prisão por ter abusado sexualmente de 38 pacientes em seu consultório particular na cidade de Maringá, no interior do Paraná. Além da pena de prisão, ele também foi condenado a pagar uma multa de R$ 1,3 milhão.
Felipe Sá atendia em um escritório particular em Maringá, a 100 Km de Londrina. Ele foi preso no dia 15 de junho de 2023 no local onde atendia as pacientes, após uma policial grávida se passar por paciente e marcar uma consulta com ele. As vítimas relatam que inicialmente iam acompanhadas do marido ou namorado nas consultas. Quando passavam a confiar no médico, iam sozinhas.
Nessas consultas sem acompanhantes, as mulheres afirmam que Felipe dizia precisar examiná-las, se posicionava atrás delas e friccionava seu órgão genital, com uma respiração ofegante. Uma das vítimas contou que na segunda consulta, o ginecologista chegou a encostar o pênis ereto na nádega dela. Ela se retirou imediatamente do consultório e nunca mais voltou, se sentindo muito mal com o ocorrido.
Repercussão de Outro Caso
Segundo a polícia, a repercussão de outro caso envolvendo o ginecologista Hilton José Pereira Cardim, também acusado de abuso sexual em Maringá, incentivou as vítimas de Felipe Sá a buscarem a polícia. Hilton Cardim foi preso em março deste ano após pelo menos 8 mulheres o denunciarem por abuso sexual durante consultas. Uma das vítimas relatou que o médico ficava ofegante e se aproximava com o quadril durante os atendimentos.
Alta Prevalência de assédio na Ginecologia
Um estudo recente mostrou que o assédio sexual, coerção, bullying e discriminação são muito prevalentes no campo da Ginecologia e Obstetrícia. Entre ginecologistas oncologistas, 63,6% relataram ter sofrido alguma forma de assédio sexual (70,9% mulheres e 51% homens).
Já entre estagiários da área, 69,1% já haviam sofrido assédio, sendo 30,1% por parte de médicos seniores. Isso mostra que o problema não se restringe a casos isolados, mas é algo sistêmico na especialidade médica. Intervenções como criação de políticas de proibição de abusos e workshops sobre o tema ainda não se mostraram eficazes em reduzir significativamente o assédio.
Os advogados de Felipe Sá já anunciaram que irão recorrer da decisão judicial.