Uma pessoa me escreveu não concordando com a exposição de que a verdade seja absoluta e deu exemplo os cegos descrevendo o elefante. Cada cego apalpava os órgãos do bicho e descrevia um órgão como sendo o animal. Isso não é a verdade, mas a percepção do sujeito conhecedor. A verdade é o todo idêntico a si e não uma parte sendo identificada.
Aristóteles dizia: “as coisas podem estar em ato ou potência”. A semente é uma árvore em potencial, mas não é a árvore. O conhecimento de parte da realidade pode ser um caminho em busca da verdade, mas não é a verdade toda. Descrever o rabo do elefante como sendo o paquiderme semelhante à cobra é o mesmo que estudar geografia para explicar astronomia. A verdade não pode ser concebida apenas em parte.
A verdade é única e universal; o que é para um, é para todos. As interpretações podem ser plurais e particulares. Mas não há uma verdade para cada pessoa. Há sim visões pessoais limitadas do que se pode conhecer.
A percepção visual do daltônico é diferente do não daltônico, mas sua visão pessoal não se torna em verdade universal das cores.
Tenho um amigo que ganhou dos filhos uns óculos que corrigem a disfunção do daltonismo e foi só chororô. Era uma emoção descomunal diante daquilo que ele via agora. Sim, posso ver a realidade dum prisma por falta de conhecimento, porém, quando ganho a verdadeira dimensão do fato, adquiro uma maior compreensão da verdade.
O conhecimento evolui, mas a verdade é sempre a mesma. Antes se dizia, como verdade, que o sol girava em torno da terra, mas o conhecimento se ampliou e agora se diz o contrário, então, a verdade modificou? Não. O conhecimento da realidade aumentou e pode-se dizer que o equívoco da compreensão ganhou outra dimensão do fenômeno.
Quem pensa que pode haver conflito real entre a verdadeira ciência e a fé deve ser muito inexperiente em ciência ou muito ignorante da vida espiritual. Mas devemos nos lembrar que a ciência e a filosofia são partes do conhecimento humano e este evolui.
Em 1860 um grupo de cientistas ateus apresentou mais de 60 erros científicos da Bíblia e 20 anos depois, nenhum daqueles postulados “científicos” merecia crédito de qualquer cientista sério. (Parênteses: a Bíblia não é um livro de ciência, mas quando trata de algo que a ciência estuda, ela é verdadeira em sua linguagem de modo coloquial.)
A verdade do ponto de vista ôntico é quando o termo coincide com o ser. Se digo cão e mostro gato, digo algo fake. O mundo jaz no maligno e ele é o pai do fake. Se a CPI do covidão destrata a cientista Nise e aplaude a médica cantora, a sigla enviesou-se pelo falso.
Não posso desligar-me da verdade universal só para ser atual. Calvino dizia: “O cão late quando seu dono é atacado. Eu seria um covarde se visse a verdade divina ser atacada e continuasse em silêncio, sem dizer nada.” A indiferença é crime moral.
O rabo do elefante não é uma serpente, nem uma parte da verdade é a verdade toda. Só a veracidade dos fatos e a honestidade do conhecedor podem desfazer a ceticismo dos sofistas e o cinismo dos cretinos que querem destruir a certeza incontestável. E não me
venham com a politização da verdade, pois essa não tem partido.
“Então Jesus disse aos judeus que tinham crido nele: — Se vocês continuarem a obedecer às minhas palavras, serão verdadeiramente meus discípulos. Então conhecerão a verdade; e a verdade libertará vocês.” João 8:31-32 VFL. Jesus é a verdade ontológica eterna.
Fonte: Pr. Glênio Fonseca Paranaguá. Publicação autorizada pela PRIMEIRA IGREJA BATISTA EM LONDRINA